quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
paraíso
e era como se eu fosse nuvem em suas mãos de vento.
me manipulava os quereres melhor que seus próprios,
me fazendo acreditar que o amor é isso mesmo,
isso de querer ser a coisa amada. amar é uma falta
de personalidade!
lembro mais claramente os dias nublados, pois nestes
eu tinha meus olhos de volta enquanto você deitava
e dormia um sono glacial durante eras. nesses dias,
podendo ver, tinha ciúme dos seus sonhos, já que
certamente eu não me encontrava neles.
já nos meus, mais breves e fugidios, havia crimes de sangue
e cenas policiais. eu sempre era o culpado, mas a culpa
é toda sua! garrafas de vinho, xícaras de café e maços
de cigarro eram tatuagens em sua rotina, só visíveis
quando você estava nua.
mas era feliz, mais feliz, desperto. o seu corpo balançava,
espantando todo o gelo dos sonhos, que caíam sobre mim
e nevavam meus desejos. queria ser artesão de você,
patrão de você, ladrão de você. mas, no fim das contas,
havia giz ao meu redor.
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