sexta-feira, 30 de novembro de 2012

quisera

 

quis falar das tuas espáduas
feito folhas que se erguem
e sustentam as pétalas
do teu sorriso


quis falar do teu sorriso
ou mesmo de teu rosto
onde mergulho em infâncias


quis falar dos teus olhos
mares cor de chocolate
quis que fossem meus


quis névoa e pluma
ou coisa alguma
dos teus olhos

quis ser as linhas da tua mão
quis ser o tom rosado dos teus lábios
mesmo as rugas de preocupação

quis que a flor que me sustenta
tivesse o cheiro da eternidade

que tudo o que quisera
ombros olhos lábios flores
cheiro tons mãos e cores
tinha o nome primavera.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

potes na geladeira



se pudesse, esconderia teus pesadelos;
nem as velhas moças que arrumam a casa
sequer os perceberiam, nuvens escuras,
fumaças negras em potes na geladeira.

naquele canto mais escuro da geladeira,
ao lado da polpa dos sonhos floridos
que tomamos com leite todas as manhãs.

todos os teus medos seriam, então,
apenas pratos de comida mal dormida,
restos de uma festa de aniversário,
doces e salgados... e anos de vida.

se pudesse, guardaria os teus pesadelos
em potes na geladeira, para que mofassem.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

devoção


você está em todos os cantos;
nos rodapés, nas soleiras das portas,
nas teias de aranha, nas faxinas.
você está em todos os cantos;
no café, na salada, no suco, no café.
nas estantes, empilhada, nas palavras, frases,
e nas coisas que trago e que você reclamava.
você está em todos os cantos;
no começo, procurei sua ausência,
mas não a encontrei nas gavetas, no chão
ou mesmo na porta da velha geladeira.
encontrei apenas nas manhãs de domingo
e nas noites de quarta-feira,
ao meu lado, na cama.

- desculpe-me não dizê-la,
mas esta foi escrita numa conta
e é preciso apagá-la...
e pagá-la.

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