quarta-feira, 27 de agosto de 2014

adniílo

fez de si mesmo uma mentira, expôs-se em retalhos de aço; no entanto, estava ele enclausurado entre grades e bolhas de sabão.

preso, sim, e sabia por quê.

acusado pelo assassínio de um coração.

culpado. 

carrasco da própria sorte, 
lançou-se egoisticamente à cruz.
não esperava piedades, embora parecesse:
seu choro aumentava pouco antes de ser enxugado pela própria garganta.

era uma pessoa má: entregue em vestais mas, ainda assim, má.

entre cuspes e gritos e dedos em riste,
em meio à vaias e caias e palavrões,
imerso em suas dores dos outros,

esperava apenas que 
o esquecimento passasse por ali.

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